iblanco 5 de outubro de 2023O que fazer quando os sintomas do COVID-19 não passam, nos mais velhos?
Covid longa é a condição de persistência de sintomas e limitações após a COVID-19.
Segundo o diretor da OMS, Tedros Adhanom Ghebreyesus, em 12-out-22, a estimativa é de que 10% a 20% dos sobreviventes tenham ficado com fadiga, falta de ar e problemas cognitivos de média e longa duração, e tem devastado dezenas de milhões de vidas e sobrecarregado sistemas de saúde e economias pelo mundo.
Um estudo publicado na Nature, no mesmo dia, relata que de 6 a 18 meses após a infecção pelo coronavírus, um em cada 20 pacientes não se recuperou, e 42% disseram se sentir apenas parcialmente melhor.
A persistência a longo prazo dos sintomas relacionados ao COVID-19 após a infecção por SARS-CoV-2 afeta a qualidade de vida, principalmente em idosos.
Vários mecanismos podem estar envolvidos na persistência dos sintomas de COVID-19, incluindo inflamação crônica, processos imunometabólicos, disfunção endotelial e disbiose intestinal.
Nesta revisão, são descritas as possíveis ações de nutracêuticos e suplementos alimentares sobre os mecanismos associados à COVID longa.
Aminoácidos:
Suportam as demandas metabólicas aumentadas das células imunes ativadas, contribuindo com intermediários críticos para vias biossintéticas e produtoras de energia – glutamina, BCAA, arginina.
Em adultos mais velhos, as alterações fisiológicas associadas ao processo de envelhecimento (por exemplo, aumento da extração esplâncnica, resistência anabólica, inflamação crônica) podem aumentar ainda mais a necessidade de fornecimento adequado de aminoácidos
HMB
A suplementação oral de 3 g/d HMB (beta-hidroxi-beta-metil butirato) atenua o declínio da massa muscular e preserva a função muscular em idosos e pessoas frágeis, especialmente durante a internação e recuperação. Curiosamente, o HMB pode modular a resposta imune e inflamatória, especialmente sob condições estressantes.
Selênio
Está envolvido em vários processos fisiológicos, incluindo funções neurológicas, endocrinológicas, cardiovasculares e imunológicas. Vários estudos relataram que as concentrações circulantes de selênio eram menores em pacientes com COVID-19 em comparação com controles saudáveis e associadas à gravidade e mortalidade por COVID-19.
Ferro
É um componente crucial de centenas de proteínas envolvidas em processos biológicos fundamentais, incluindo transporte de oxigênio, produção de energia e síntese de ácidos nucleicos.
Com base nas evidências disponíveis, a suplementação de ferro, especialmente em idosos com baixos níveis de ferro e hemoglobina, pode ser particularmente útil para reduzir o nível de inflamação, atenuar sintomas persistentes (como fadiga e dispneia) e melhorar a resposta imune à vacinação.
Zinco
É o segundo metal traço mais abundante no corpo humano depois do ferro e é essencial para a manutenção da saúde imunológica, homeostase celular e reprodução.
A ingestão inadequada de zinco tem sido associada ao aumento do risco de infecções do trato respiratório superior e inferior, especialmente em idosos, enquanto a suplementação com gluconato de zinco parece reduzir a duração e a gravidade dos sintomas do resfriado comum.
Magnésio
O magnésio é essencial para várias funções fisiológicas e reações bioquímicas e pode exercer importantes funções anti-inflamatórias e antioxidantes. Desempenha um papel na modulação do sistema imunológico inato e adaptativo.
Sua suplementação parece encontrar uma aplicação potencial no controle de sintomas respiratórios, mas também na modulação da inflamação, distúrbios cardiovasculares e neurológicos e anormalidades eletrolíticas.
Bromelina
A bromelina – é uma enzima proteolítica derivada do fruto e caule do abacaxi – regula os processos inflamatórios através da modulação das vias NF-κB e cicloxigenase-2 que regulam a síntese de citocinas inflamatórias e prostaglandina E2 e tromboxano A2, respectivamente. Além disso, a bromelaína possui propriedades fibrinolíticas e antitrombóticas.
Faltam dados sobre as propriedades da bromelina em sintomas persistentes relacionados ao COVID-19 longo, mas pode-se supor que suas atividades biológicas possam ajudar no processo de recuperação de fadiga crônica, dor nas articulações e mialgia.
Lactoferrina
Por ser uma glicoproteína de ligação ao ferro, atua como uma molécula de defesa do hospedeiro contra microrganismos, reduzindo a disponibilidade de ferro usado para crescimento microbiano, agregação e formação de biofilme.
Probióticos
Alterações na microbiota intestinal foram associadas à gravidade da COVID-19, possivelmente como consequência de um fenômeno de “intestino permeável” e da liberação de produtos microbianos e toxinas na circulação sistêmica.
Os probióticos aumentam a defesa da mucosa do hospedeiro por meio da estimulação da secreção de imunoglobulina A, induzem a polarização da resposta imune em direção a Th1, modulam a produção de citocinas e produzem metabólitos, como ácidos graxos de cadeia curta, que contribuem para definir o tom do sistema imunológico.
Pode ser particularmente recomendado em pacientes idosos com COVID-19, nos quais fatores relacionados à idade, incluindo fragilidade, multimorbidade e desnutrição, podem agravar a disbiose intestinal.
Vitamina D
Além de desempenhar um papel crucial na regulação do cálcio e do metabolismo ósseo, o acúmulo de evidências de estudos pré-clínicos e observacionais sugere que a vitamina D pode estar envolvida em muitas vias extra esqueléticas, incluindo função imune e muscular, reprodução e metabolismo energético.
Beterraba
O suco obtido a partir da beterraba vermelha (Beta vulgaris), tem despertado muita atenção devido aos seus potenciais efeitos benéficos na saúde cardiovascular, homeostase metabólica, inflamação e função pulmonar.
Com base nos supostos efeitos benéficos contra vários processos envolvidos no longo COVID, um painel de alimentos bioativos, nutracêuticos e suplementos está sendo testado no ambulatório da Fondazione Policlinico A. Gemelli IRCSS (Roma, Itália)
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